Cuidar dos Nossos Pais
Cuidar de alguém que amamos é uma jornada de entrega e dedicação, uma expressão pura de amor que transcende qualquer outra obrigação. É como se fosse gravado em nós desde o momento em que nascemos, um laço indestrutível que nos une às nossas raízes, às nossas origens, sinto que os maiores sonhos dos meus pais sempre foram as minhas conquistas na vida.
Mas nem sempre esta jornada é fácil. Às vezes, somos desafiados por momentos de dificuldade e dor. Podemos sentir-nos magoados quando somos confrontados, questionados ou até mesmo ignorados pelos que mais amamos. E no entanto, o amor persiste, intocável e inabalável, uma luz de esperança no meio da tempestade, porque são eles que mais amamos, o nosso pai e a nossa mãe.
E quando somos chamados a cuidar daqueles que sempre cuidaram de nós? Quando a pessoa que amamos, de repente, se torna dependente de nós? É como se o chão desaparecer sob os nossos pés, deixando-nos à deriva num mar de incertezas e medos. Quero partilhar contigo essa angústia
Eu sou uma cuidadora informal, uma designação que não faz justiça à intensidade das emoções que vivencio todos os dias. Estar em casa, a cuidar da minha mãe, é uma experiência avassaladora que me consome por completo. Sinto-me impotente perante a sua fragilidade, confusa perante as suas mudanças, perdida nas minhas emoções, não é fácil ter estas emoções e colocar às costas de algum amigo
O peso desta responsabilidade é avassalador. Sinto-me esmagada pela pressão de cuidar tão bem como ela cuidou de mim, assombrada pela sombra do fracasso. E no entanto, encontro forças para continuar, para enfrentar cada novo desafio com coragem.
É neste momento de fragilidade que descubro a verdadeira importância do apoio emocional, de colocar objetivos e conseguir gerir esta situação nova para mim. Através da orientação de um profissional, aprendi a aceitar as minhas limitações, a lidar com as minhas emoções, a encontrar soluções para o que estava a viver.
E assim, mesmo nos momentos mais sombrios, encontro uma luz de esperança. Uma luz que me guia, que me conforta, que me dá forças para continuar. Porque cuidar de alguém é mais do que uma obrigação - é um ato de amor incondicional que nos transforma, que nos molda, que nos torna mais humanos.